quinta-feira, 24 de maio de 2012

Religião, fé: uma obrigação?

Mensagem deixada por uma usuária, na pagina do Graffite, em resposta a eu postar o texto que está nas Informações/Sobre da Página (e que ninguem lê :( :

" - nossa bom vc falar...qual seu problema com religiao??eu hein aa q bom..nao vou dxr a comunidade por vc n ser religioso mais pela sya falta de fe!!!!! :-(

- um cara assim n deveria nen gostar do graffite
"

Algumas pessoas acreditam que ter fé, uma religião; é uma obrigação, e uma virtude; e o contrário, consequentemente, seria um defeito, algo do que se envergonhar. E que ter fé/religião, já a torna, automaticamente, uma pessoa melhor do que aqueles que não professem nenhuma fé religiosa (o que eu conheço de bandidos, gente que faz mal aos outros, religiosos... !!!).
Tenho poucas coisas sobre mim mesmo, da qual sinto orgulho. Mas se tem algo do que eu sinto orgulho, é exatamente de ter conseguido me desvencilhar das malhas das religiões e livros sagrados. E isso não é fácil, visto que somos desde a infância doutrinados a acatá-los sem questionamento.
Sou agnóstico; portanto não afirmo e nem nego a existência de um Deus.
Ser agnóstico é, simplificadamente, isso. É não se achar capaz, intelectualmente apto/dotado para afirmar ou negar qual seria a verdade absoluta acerca da origem do universo, da vida... de tudo.

Isso (me) traz algum benefício?! Muito pelo contrário. Agnósticos e ateus (que alguns pensam ser a mesma coisa), são, segundo algumas pesquisas, as pessoas mais repudiadas da sociedade, no mundo todo:
http://lista10.org/miscelanea/os-10-grupos-de-pessoas-mais-odiados-do-brasil/


Justamente por essa minha postura, de não mentir sobre minhas convicções religiosas, eu sou repudiado por algumas pessoas, inclusive na família. Parece que sinceridade, para fanáticos religiosos, só é uma virtude, se não for discordante com as crenças religiosas dos mesmos, caso contrário, é algo desprezível, digno de repudio, punição (divina ou humana, mesmo).
Logo os religiosos que pregam a sinceridade, o não mentir, como uma das principais virtudes apreciadas por Deus.

Nem recomendo que as pessoas, desde que não queiram sofrer malefícios de outrem, se revelem ou sempre digam a verdade sobre suas convicções, pois sinceridade, em muitos casos, e nesse especificamente, definitivamente não irá lhe trazer benefícios e nem a aprovação da sociedade, muito pelo contrário, isso será usado contra você, e vão sim lhe prejudicar, lhe alijar, lhe fazer mal por isso.

Não ter uma religião não implica, como podem pensar os obtusos, fanáticos religiosos, que eu me sinta livre para fazer "o mal", para "pecar" , para prejudicar a outrem, causar deliberadamente sofrimento/prejuízo algum, a quem quer que seja.
A última coisa no mundo que quero é causar qualquer dano, a qualquer ser desse planeta. Tento ser uma pessoa que só leve felicidade/bonança a qualquer ser vivo.
Porém, como ser humano falho como qualquer outro, cometo erros, tenho emoções negativas que as vezes me dominam, levando-me a errar com os outros, e consequentemente causando dor/mal, a eles e a mim mesmo.
Não professar uma religião, não implica em ser desprovido de amor ao próximo, de bons sentimentos, de não ser capaz de fazer concretamente o bem aos outros.
Justamente por não ter certeza de termos uma divindade amorosa e principalmente justa, olhando e intervindo por nós, é que busco, e acho que todos deveriam fazer o mesmo, auxiliar, cooperar com meu próximo. Prego que devemos ser um pelo outro, nos ajudarmos aqui mesmo na terra, pois não há garantia de compensação extra-vida. Temos que tentar ser felizes e levar felicidade ao próximo, é aqui e agora, mesmo.
Conheço algumas pessoas que pensam que não há muito problema em fazer algum mal para alguém aqui, pois depois Deus compensa essa pessoa na pós-vida. Perigosa essa convicção.
Ser ou não um cristão, judeu, muçulmano, espírita, adepto do candomblé, e um longo etc., não torna ninguém um ser do mal, ou do bem.
Acredito no seguinte:
Não se iludam. Vocês (nós), só têm uma religião/crença, porque foram desde o berço doutrinados/programados e aterrorizados para a ela se submeter. A aceitá-la cegamente, e sem questionamentos, sob a pena de sofrimento eterno caso não o façam.
Libertem-se.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Game of Thrones

A "magia" em Game of Thrones e obras similares.

Gostei muito da primeira temporada de Game of Thrones. Uma série que mescla bem aventura, drama, violência e sexo. Mas tem algo que surgiu com mais força na segunda temporada que me desagradou.

Mas antes um parêntese para falar do sexo na série.
Falando em sexo, algumas pessoas parecem se incomodar com produções que exibem sexo, genitálias (masculinas e femininas), consideram sexo algo ofensivo, vulgar, de "baixo nível", principalmente a exibição de genitálias. E costumam condenar e querer impor aos outros esses valores de aversão ao sexo. Querem tornar algo natural, vital, biologicamente e evolutivamente necessário para a sobrevivência/preservação da espécie (sem o qual eles não estariam aqui ;) ) em algo sujo, vergonhoso, feio, que deve ser escondido... enfim. A maioria é doutrinado para ter vergonha de suas genitálias, praticamente nega-las como parte natural do seu corpo. Herança da repressão religiosa, que parece condenar o prazer.

Voltando agora ao que me desagradou.
A série passou a apresentar elementos de fantasia, feitiçaria, bruxaria, pessoas com poderes sobrenaturais. Tornou-se uma produção de temática fantástica. Por que isso me desagrada? Porque na fantasia, tudo é possível. Com isso até a morte deixa de ser definitiva, deixa de ser um risco a se temer, visto que sempre é possível que algum personagem que morra possa ser reavivado por uma feitiçaria qualquer, alguma fada, algum mago, algum cristal mágico, algum "um Anel" todo poderoso, algum "dente cariado mistico", algum "pé de coelho do poder cósmico"...
Com isso, eu, deixo um pouco de me importar, preocupar, temer pela sorte de algum personagem, visto que os mesmo deixam de estar sujeito as leis naturais, as leis da física, a que todos estamos sujeitos. Sei-lá, quando uma produção deixa de se ater ao que é fisicamente possível, eu perco um pouco o envolvimento com as mesmas.
Embora muitos creiam em sobrenatural, misticismos, religiões, divino, etc., comprovadamente (ao menos até onde eu saiba), até o momento, só estamos sujeitos mesmo é as leis da física.
Achei ridícula/frustrante a morte/assassinato do "rei" Renly Baratheon.
Sei que, a fantasia/sobrenatural, fazem parte dos livros, que não li, mas me desagradam do mesmo jeito. Embora esteja querendo ler os livros (vá entender, né? ;) ).

Não é necessário nem ser inteligente, estudar, se esforçar, para se obter algo, quando a magia, o sobrenatural, poderes místicos/divinos, estão envolvidos.
Imaginemos o seguinte:
Um rei forma um exercito de milhares de soldados, recruta cientistas/inventores para criar armas mais poderosas, melhorar seu poder bélico, consulta sábios estrategistas e estudam o terreno, o número de soldados inimigos, seu poderio bélico, para elaborar a melhor tática/estratégia para incrementar sua possibilidade de vitória, etc.
Aí na hora da batalha, exercitos frente-a-frente, prontos para o combate; na hora de cada um por a prova todo seu esforço para vencer seu inimigo...;
vem um menino com uma varinha na mão, a agita e grita:
- "ABRAS KEDAVRAS!!"
E seu milhares de soldados desaparecem, ou suas armas derretem, ou...
Sério, que tem gente que acha isso legal???!!!! Empolgante?! Que tem orgasmos com isso?! Gozos de prazer?!
- Uhuuu!!! Que poder!
- Que vara poderosa!!!
Num universo "magico", "sobrenatural" isso seria possível.
Ah!, fala sério. Tem coisa mais frustrante; mais desanimadora?!
(E eu tenho uma estrategia para vencer a trupe de Harry Potter: Primeira coisa a fazer é cortar a língua deles, visto que parece que a magia/feitiçaria só se realiza se eles a falarem/gritarem ;) ).

Chato, eu? Talvez. Já gostei em minha infância e adolescência de fantasias, contos de fadas, histórias de bruxos e magos, gênios, cristais que conferem a quem o possua o poder de dominar o universo, etc... Mas, hoje em dia, isso tudo em geral me afasta.
Mas há ainda, algumas, poucas, produções do gênero que me agradam. A saga "Senhor dos anéis", é muito divertida, apesar do "Um anel" ;)... Sei que essas fantasias, objetos mágicos, são metáforas, alegorias, que representam, falam de verdades, situações, valores da vida real, etc.. Mas fazer, o que? Com o tempo eu fui perdendo o gosto por sobrenatural. A série "Harry Potter", por exemplo, muito legalzinha, muito bonitinha, mas, para mim, muito infantiloide. Enfim.

Mas pretendo continuar assistindo Game of Thrones, pois apesar dos elementos fantásticos/sobrenaturais, há o drama, a aventura, dilemas que se sobrepõe ao conto de fadas. Vejamos até quando ;).

Agora, já gosto muito de ficção cientifica, inclusive a Saga "Star Wars" (que é praticamente uma fantasia com sua "Força", que rege aquele universo), que tenho completa aqui em casa. No que elas diferem das fantasias (filmes de terror incluso)? É que pelo menos em tese, elas se baseiam naquilo que, ao menos em teoria, e mesmo com os eventuais exageros, poderia ser fisicamente, cientificamente possível, um dia, no tempo, passado ou futuro...ou há muito tempo, em uma galaxia muito distante... ;)...

Na verdade eu acho que eu estou ficando é velho... :)...

Pra compensar essa ranzinzice toda, fique com esse gif em que Maisie Williams (a Arya Stark de Game of Thrones), mostra que tem ginga :>) :












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ATUALIZAÇÃO (em 01/01/2020), após assistir a "Star Wars, A Ascensão Skywalker": A força, também, se tornou totalmente sem limites. Ou seja de acordo com a conveniência esse poder pode ou não resolver impossibilidades apresentadas... e com isso perde-se a catarse. Enfim, qual a graça? O que temer? Pelo o que ficar tenso, apreensivo? Por que torcer por alguém?

Veja nessa postagem minha analise sobre "A Ascensão Skywalker" e sobre a saga Star Wars como um todo:
Star Wars, ninguém (relevante) realmente morre

https://womni.blogspot.com/2020/01/star-wars-ninguem-relevante-realmente.html
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E o próprio George R.R. Martin tem suas ressalvas em questão à magia:

Game of Thrones, Omelete Entrevista George R.R. Martin
Autor fala sobre o início dos livros, quando aceitou transformá-los em série para TV e o que mais tem gostado do programa

Nesse trecho o autor toca na questão da magia/fantasia:

"...Eu queria dar o sentimento de maravilhas e mistérios, dar ao leitor coisas que ele não teria no mundo ordinário e mundano da ficção mas, ao mesmo tempo, isso pode arruinar um bom livro de fantasia. Quando a magia é excessiva ou é apenas jogada na história, sem contexto, ela pode acabar tomando o livro. De repente, tudo gira em torno da magia, o drama inerente da condição humana é perdido e os personagens resolvem seus problemas apenas com um encantamento ou com o acenar de uma varinha. Ter magia de uma forma contida é algo que pode ser feito e eu tentei fazer o melhor que pude, mas isso requer muitos cuidados. ..."

http://omelete.uol.com.br/series-e-tv/game-thrones-omelete-entrevista-george-rr-martin/


domingo, 13 de maio de 2012

Gibran Khalil Gibran

Publico abaixo alguns textos de Gibran Khalil Gibran.

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" Havia num bosque isolado uma bonita violeta que vivia satisfeita entre suas companheiras. Certa manhã, levantou a cabeça e viu uma rosa que se balançava acima dela, radiante e orgulhosa. Gemeu a violeta, dizendo:
"Pouca sorte tenho eu entre as flores: Humilde é meu destino! Vivo pegada à terra, e não posso levantar a face para o sol como fazem as rosas." A Natureza ouviu, e disse à violeta: "Que te aconteceu, filhinha? As vãs ambições apoderaram-se de ti?" - Suplico-te, ó Mãe poderosa, disse a violeta. Transforma-me em rosa, por um dia só que seja. - Tu não sabes o que estás pedindo, retrucou a Natureza. Ignoras o que se esconde de infortúnios atrás das aparentes grandezas.
- Transforma-me numa rosa esbelta e alta, insistiu a violeta. E tudo o que me acontecer será a conseqüência dos meus próprios desejos e aspirações.
A Natureza estendeu sua mão mágica, e a violeta tornou-se uma rosa suntuosa. Na tarde daquele dia, o céu escureceu-se, e os ventos e a chuva devastaram o bosque. As árvores e as rosas foram abatidas. Somente as humildes violetas escaparam ao massacre. E uma delas, olhando em volta de si, gritou às suas companheiras:
"Hei,vejam o que a tempestade fez das grandes plantas que se levantam com orgulho e impertinência."
Disse outra:
"Nós nos apegamos à terra; mas escapamos à fúria dos
furacões." Disse uma terceira:
"Somos pequenas e humildes; mas as tempestades nada podem contra nós." Então a rainha das violetas viu a rosa que tinha sido violeta, estendida no chão como morta. E disse:
- Vejam e meditem, minhas filhas, sobre a sorte da violeta que as ambições iludiram. Que seu infortúnio lhes sirva de exemplo!

Ouvindo essas palavras, a rosa agonizante estremeceu e, apelando para todas as suas forças, disse com voz entrecortada: "Ouvi, vós, ignorantes, satisfeitas, covardes. Ontem, eu era como vós, humilde e segura. Mas a satisfação que me protegia também me limitava. Podia continuar a viver como vós, pegada à terra, até que o inverno me envolvesse em sua neve e me levasse para o
silêncio eterno sem que soubesse dos segredos e glórias da vida mais do que as inúmeras gerações de violetas, desde que houve violetas. Mas escutei no silêncio da noite e ouvi o mundo superior dizer a este mundo:
'O alvo da vida é atingir o que há além da vida'. Pedi então à Natureza - que nada mais é do que a exteriorização de nossos sonhos invisíveis - transformar-me em rosa. E a Natureza acedeu ao meu desejo. Vivi uma hora como rosa. Vivi uma hora como rainha. Vi o mundo pelos olhos das rosas. Ouvi a melodia do éter com o ouvido das rosas. Acariciei a luz com as pétalas das rosas. Pode alguma de vós vangloriar-se de tal honra? Morro agora, levando na alma o que nenhuma alma de violeta jamais experimentara. Morro, sabendo o que há atrás dos horizontes estreitos onde nascera. É esse o alvo da vida."
[Gibran Khalil Gibran]

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" Disse uma folha de papel branco :
“Pura fui criada e pura permanecerei para sempre.
Antes ser queimada e convertida em brancas cinzas, do que suportar que a negrura me toque ou o sujo chegue junto de mim”.
O tinteiro ouviu o que a folha de papel dizia, e riu-se em seu escuro coração. Mas não ousou aproximar-se dela. E os lápis multicoloridos ouviram-na também, e nunca se aproximaram dela.
E a folha de papel, branca como a neve, permaneceu pura e casta.
Para sempre.
Pura…
Casta…
E vazia…. "
[ Gibran Khalil Gibran ]

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