segunda-feira, 21 de maio de 2012

Game of Thrones

A "magia" em Game of Thrones e obras similares.

Gostei muito da primeira temporada de Game of Thrones. Uma série que mescla bem aventura, drama, violência e sexo. Mas tem algo que surgiu com mais força na segunda temporada que me desagradou.

Mas antes um parêntese para falar do sexo na série.
Falando em sexo, algumas pessoas parecem se incomodar com produções que exibem sexo, genitálias (masculinas e femininas), consideram sexo algo ofensivo, vulgar, de "baixo nível", principalmente a exibição de genitálias. E costumam condenar e querer impor aos outros esses valores de aversão ao sexo. Querem tornar algo natural, vital, biologicamente e evolutivamente necessário para a sobrevivência/preservação da espécie (sem o qual eles não estariam aqui ;) ) em algo sujo, vergonhoso, feio, que deve ser escondido... enfim. A maioria é doutrinado para ter vergonha de suas genitálias, praticamente nega-las como parte natural do seu corpo. Herança da repressão religiosa, que parece condenar o prazer.

Voltando agora ao que me desagradou.
A série passou a apresentar elementos de fantasia, feitiçaria, bruxaria, pessoas com poderes sobrenaturais. Tornou-se uma produção de temática fantástica. Por que isso me desagrada? Porque na fantasia, tudo é possível. Com isso até a morte deixa de ser definitiva, deixa de ser um risco a se temer, visto que sempre é possível que algum personagem que morra possa ser reavivado por uma feitiçaria qualquer, alguma fada, algum mago, algum cristal mágico, algum "um Anel" todo poderoso, algum "dente cariado mistico", algum "pé de coelho do poder cósmico"...
Com isso, eu, deixo um pouco de me importar, preocupar, temer pela sorte de algum personagem, visto que os mesmo deixam de estar sujeito as leis naturais, as leis da física, a que todos estamos sujeitos. Sei-lá, quando uma produção deixa de se ater ao que é fisicamente possível, eu perco um pouco o envolvimento com as mesmas.
Embora muitos creiam em sobrenatural, misticismos, religiões, divino, etc., comprovadamente (ao menos até onde eu saiba), até o momento, só estamos sujeitos mesmo é as leis da física.
Achei ridícula/frustrante a morte/assassinato do "rei" Renly Baratheon.
Sei que, a fantasia/sobrenatural, fazem parte dos livros, que não li, mas me desagradam do mesmo jeito. Embora esteja querendo ler os livros (vá entender, né? ;) ).

Não é necessário nem ser inteligente, estudar, se esforçar, para se obter algo, quando a magia, o sobrenatural, poderes místicos/divinos, estão envolvidos.
Imaginemos o seguinte:
Um rei forma um exercito de milhares de soldados, recruta cientistas/inventores para criar armas mais poderosas, melhorar seu poder bélico, consulta sábios estrategistas e estudam o terreno, o número de soldados inimigos, seu poderio bélico, para elaborar a melhor tática/estratégia para incrementar sua possibilidade de vitória, etc.
Aí na hora da batalha, exercitos frente-a-frente, prontos para o combate; na hora de cada um por a prova todo seu esforço para vencer seu inimigo...;
vem um menino com uma varinha na mão, a agita e grita:
- "ABRAS KEDAVRAS!!"
E seu milhares de soldados desaparecem, ou suas armas derretem, ou...
Sério, que tem gente que acha isso legal???!!!! Empolgante?! Que tem orgasmos com isso?! Gozos de prazer?!
- Uhuuu!!! Que poder!
- Que vara poderosa!!!
Num universo "magico", "sobrenatural" isso seria possível.
Ah!, fala sério. Tem coisa mais frustrante; mais desanimadora?!
(E eu tenho uma estrategia para vencer a trupe de Harry Potter: Primeira coisa a fazer é cortar a língua deles, visto que parece que a magia/feitiçaria só se realiza se eles a falarem/gritarem ;) ).

Chato, eu? Talvez. Já gostei em minha infância e adolescência de fantasias, contos de fadas, histórias de bruxos e magos, gênios, cristais que conferem a quem o possua o poder de dominar o universo, etc... Mas, hoje em dia, isso tudo em geral me afasta.
Mas há ainda, algumas, poucas, produções do gênero que me agradam. A saga "Senhor dos anéis", é muito divertida, apesar do "Um anel" ;)... Sei que essas fantasias, objetos mágicos, são metáforas, alegorias, que representam, falam de verdades, situações, valores da vida real, etc.. Mas fazer, o que? Com o tempo eu fui perdendo o gosto por sobrenatural. A série "Harry Potter", por exemplo, muito legalzinha, muito bonitinha, mas, para mim, muito infantiloide. Enfim.

Mas pretendo continuar assistindo Game of Thrones, pois apesar dos elementos fantásticos/sobrenaturais, há o drama, a aventura, dilemas que se sobrepõe ao conto de fadas. Vejamos até quando ;).

Agora, já gosto muito de ficção cientifica, inclusive a Saga "Star Wars" (que é praticamente uma fantasia com sua "Força", que rege aquele universo), que tenho completa aqui em casa. No que elas diferem das fantasias (filmes de terror incluso)? É que pelo menos em tese, elas se baseiam naquilo que, ao menos em teoria, e mesmo com os eventuais exageros, poderia ser fisicamente, cientificamente possível, um dia, no tempo, passado ou futuro...ou há muito tempo, em uma galaxia muito distante... ;)...

Na verdade eu acho que eu estou ficando é velho... :)...

Pra compensar essa ranzinzice toda, fique com esse gif em que Maisie Williams (a Arya Stark de Game of Thrones), mostra que tem ginga :>) :












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ATUALIZAÇÃO (em 01/01/2020), após assistir a "Star Wars, A Ascensão Skywalker": A força, também, se tornou totalmente sem limites. Ou seja de acordo com a conveniência esse poder pode ou não resolver impossibilidades apresentadas... e com isso perde-se a catarse. Enfim, qual a graça? O que temer? Pelo o que ficar tenso, apreensivo? Por que torcer por alguém?

Veja nessa postagem minha analise sobre "A Ascensão Skywalker" e sobre a saga Star Wars como um todo:
Star Wars, ninguém (relevante) realmente morre

https://womni.blogspot.com/2020/01/star-wars-ninguem-relevante-realmente.html
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E o próprio George R.R. Martin tem suas ressalvas em questão à magia:

Game of Thrones, Omelete Entrevista George R.R. Martin
Autor fala sobre o início dos livros, quando aceitou transformá-los em série para TV e o que mais tem gostado do programa

Nesse trecho o autor toca na questão da magia/fantasia:

"...Eu queria dar o sentimento de maravilhas e mistérios, dar ao leitor coisas que ele não teria no mundo ordinário e mundano da ficção mas, ao mesmo tempo, isso pode arruinar um bom livro de fantasia. Quando a magia é excessiva ou é apenas jogada na história, sem contexto, ela pode acabar tomando o livro. De repente, tudo gira em torno da magia, o drama inerente da condição humana é perdido e os personagens resolvem seus problemas apenas com um encantamento ou com o acenar de uma varinha. Ter magia de uma forma contida é algo que pode ser feito e eu tentei fazer o melhor que pude, mas isso requer muitos cuidados. ..."

http://omelete.uol.com.br/series-e-tv/game-thrones-omelete-entrevista-george-rr-martin/


Um comentário:

William disse...

Game of Thrones, Omelete Entrevista George R.R. Martin
Autor fala sobre o início dos livros, quando aceitou transformá-los em série para TV e o que mais tem gostado do programa

Nesse trecho o autor toca na questão da magia/fantasia:

"...Eu queria dar o sentimento de maravilhas e mistérios, dar ao leitor coisas que ele não teria no mundo ordinário e mundano da ficção mas, ao mesmo tempo, isso pode arruinar um bom livro de fantasia. Quando a magia é excessiva ou é apenas jogada na história, sem contexto, ela pode acabar tomando o livro. De repente, tudo gira em torno da magia, o drama inerente da condição humana é perdido e os personagens resolvem seus problemas apenas com um encantamento ou com o acenar de uma varinha. Ter magia de uma forma contida é algo que pode ser feito e eu tentei fazer o melhor que pude, mas isso requer muitos cuidados. ..."

http://omelete.uol.com.br/series-e-tv/game-thrones-omelete-entrevista-george-rr-martin/