terça-feira, 29 de julho de 2008

Cinema wireless

Cinema "Wireless"

Há uma tendencia atualmente de se eliminar os fios do nosso cotidiano. Aparelhos eletrônicos, mas especialmente os de informática, mouse, teclado, modem, roteador, placas de rede, internet sem fio, "Home Theater" sem fio, aparelhos com "Bluetooth", etc, enfim, a tendencia é acabar com os fios onde for possível, inclusive até o de "força", aquele que vai ligado à tomada da parede que fornece energia elétrica, pois já há estudos para transmissão de energia eletrica sem fios. Alías essa idéia de transmissão de energia elétrica sem fios, não é recente, foi concebida pelo genial Nikola Tesla no inicio do século vinte. (Mais informações sobre Tesla na wikipedia, em inglês, aqui.)

No entanto o cinema de ação parece caminhar na contra-mão dessa têndencia. Atualmente conta-se nos dedos os filme de ação em que as cenas de luta não contem com o auxílio de cabos (fios) para realizar as sequencias de luta de seus protagonistas.
Vejam bem, nada tenho contra o uso de recursos técnicos para auxiliar no realismo de uma cena. Efeitos especiais, mecanicos, óticos, digitais, são necessário e bem vindos para nos iludir, nos passar a sensação de realidade, de que uma, por exemplo, queda do topo de um edifício foi "real". Nós sabemos que o ator não caiu realmente do topo do edifício, mas a função do efeito especial é que não consigamos distiguir entre uma cena de ficção e uma queda real que por ventura tenha sido filmada.

O cinema de ficção não tem que ser, e não é mesmo, um retrato fiel da realidade, ele pode e deve, em alguns casos, ser fantástico, criar novos universos e "leis" físicas para contar uma história e no embalo nos fascinar. O real é muitas vezes chato de se ver mesmo. E cinema é uma arte cara e que precisa se pagar e lucrar, por isso é legítimo que busque atrair o maior público possivel com todos os artifícios de que possui. Mas o exagero, o extremismo, pode surtir um efeito oposto. Ao menos em mim surte. Quando um filme pega pesado demais nos efeitos, no "espetaculo", acaba me afastando do mesmo, e não conseguindo lucrar comigo. Se eu gosto de um filme, eu o "consumo" mais posteriormente, mesmo após assisti-lo, seja no cinema, no computador ou com locações do DVD. Ou seja, mesmo que eu já tenha gasto com um filme (ou não, nessa era de internet e "downloads"), se o mesmo me agradou, faço questão de aluga-lo, reve-lo no cinema, comprar o DVD para te-lo em minha coleção e rever sempre que quiser, para o meu próprio prazer e também para remunerar os produtores/criadores, para que continuem a nos propiciar obras para o nosso deleite e pagarem suas contas, né!?.

O problema reside na "espetacularização extrema" que citei no post anterior. Com o objetivo de nos deixar de queixo caido com as sequencias de luta, criam se coreografias marciais, que embora, muitas vezes, sejam belíssimas de se ver, são totalmente impossíveis de se realizar na vida real. Alías na vida real, mesmo com o auxílio de cabos, certos movimentos não seriam possíveis, visto que as cenas depois ainda sofrem modificações no computador (em um recurso conhecido como CGI, acrônimo para Computer Generated Imagery), na chamada pós-produção.

Mas como disse esse "universo paralelo", em alguns casos é adequado, como por exemplo, em "Matrix", em que se usou e abusou do uso de fios para a realização das sequências de luta (voces não acham que Keanu Reaves consegue mesmo sustentar a perna erguida e ereta daquele jeito em algumas cenas do filme, né!?), para ilustrar as habilidades e possibilidades de Neo e companhia naquele ambiente virtual em que o limite é a sua mente. Porém em outros casos, faz se necessário um pouco de comedimento ao se criar as sequências de luta. Desde que não se trate de uma comédia ou uma paródia/brincadeira/homenagem estilo "Kill Bill", fica ridículo voce ver um lutador praticamente voar durante as cenas de luta, tipo em "O Mestre das armas" com Jet li, que teoricamente retrata a vida de ser humano real. Claro, o cinema desde sempre fantasiou um pouco a realidade, tornando-a mais emocionante e legal de se ver, principalmente o cinema voltado ao entretenimento. No entanto o avanço tecnológico propicia hoje a criação de cenas que só tem como limite a imaginação dos cineastas. E ai que mora o perigo, nas mentes "criativas" dos cineastas. Eu particularmente, até aceito um certo exagero, durante uma sequencia de luta entre seres humanos normais, em um filme que retrate este (o nosso, real) universo (e como já disse, não seja uma comédia/paródia). Uma "mentirinha" é gostosa de se ver e torna o filme mais emocionante e divertido. Mas sem extrapolar totalmente as leis da física, ficando dentro do crível. sem contar que os protagonistas atualmente são, também, praticamente invuneráveis.


Voces não acham mesmo que Keanu Reaves mantem a perna erguida no ar dessa forma, com seus próprios músculos, né!? :>)

Sei que estou parecendo um velho ranzinza, que só sabe reclamar (alías existem pessoas que o grande prazer de suas vidas é reclamar. De qualquer coisa :>). Parecem que só estão felizes reclamando e depreciando a tudo e todos. Sem isso não teriam proposito nessa vida). Eu não sou um deles. Ao menos espero e luto por não se-lo. Graças, ainda tenho prazeres e aprecio muita coisa nessa vida, sejam criações da natureza ou dos homens.

Não tenho nada contra o progresso tecnologico. Não sou desses bitolados que são contra tudo que é novo, diferente do que eles estão acostumados. O cinema deve muito do seu sucesso ao avanço tecnico, ao espetáculo. Ou alguem se ilude que a longevidade do cinema se deva mais a filmes como "King Kong", "Tubarão", "Star Wars", etc.; do que a "Persona", "8 e ½ ", "Blow up" ...!?

Por isso não tenho nada contra os avanços tecnologicos e uso de CGI. Quando bem aplicados. Mas que está tendo um excesso hoje em dia, ah! isso tá!. As vezes uma boa luta entre dois seres humanos de verdade, que se machucam, que não voam, que não executam acrobácias impossíveis até para ginastas olímpicos de alto nivel, que morrem se cairem do topo de edíficios, etc, é muito mais empolgante, justamente por nos identificarmos com ela; sabermos que nós poderiamos realiza-las ou passar por aquela situação. O "real" gera uma empatia maior em nós, nos envolve/imerge no filme e nos faz temer pela vida/saude dos protagonistas. O que não ocorre com alguns filmes (ou desenhos animados?) de hoje em dia.

Nada melhor que uma boa troca de murros, socos e pontapes entre dois seres humanos normais, e sem os fios (e CGI) que hoje em dia torna todo mundo "imune" à gravidade :>).

Ah! As vezes não há nada melhor do que um bom cinema wireless.

Nenhum comentário: